segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Maranhão tem mais de 80 mil MEIs e taxa de mortalidade cai no estado

Dados da Receita Federal e do Portal do Empreendedor mostram que no Maranhão há 99 mil micro e pequenas empresas e que, deste universo.

Mario Carvalho
Da equipe de O Estado
 
Foto: Flora Dolores
Reijane Almeida confirma aumento
O microempreendedorismo vem conquistado um espaço cada vez maior no mercado formal do Maranhão. Tanto que os pequenos negócios já respondem pelo maior número de atividades empreendedoras do estado. Basta observar os dados da Receita Federal e do Portal do Empreendedor, que mostram que no Maranhão há hoje 99 mil micro e pequenas empresas. Deste universo, 4 mil correspondem a empresas de pequeno porte e mais de 80 mil são microempreendedores individuais (MEIs). Outra boa notícia é que houve uma redução no percentual de mortalidade desses pequenos negócios.
Num raio-x mais detalhado, a maioria dos pequenos negócios no Maranhão está voltada para o setor de Comércio e Serviços, respondendo por mais da metade da economia do estado, que é de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Levantamentos do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresa (Sebrae) revelam que no setor industrial ainda é tímido o número de empreendimentos, chegando à casa de 8 mil, sob a liderança da Indústria da Construção Civil. Esse conjunto de atividades empresariais gera, aproximadamente, 130 mil empregos com carteira assinada.
De acordo com a gerente substituta da Unidade de Atendimento do Sebrae-MA, Reijane Almeida, em 2014, houve um aumento significativo do número de pequenos negócios que estavam na informalidade e que passaram para o mercado formal, elevando o crescimento de microempreendedores individuais no estado. Ela destacou que pequenas empresas voltadas para os setores de serviços de beleza e de confecções têm se sobressaído bastante.
“Além disso, tivemos uma redução no percentual de mortalidade dessas empresas, pois na década de 1990, cerca de 70% desses negócios fechavam nos dois primeiros anos, considerados mais difíceis. Atualmente, esse percentual de fechamento não chega a 50%. A tendência é reduzir ainda mais esse índice, já que o Sebrae tem investido em oficinas de planejamento e gerenciamento e melhorado o controle desses negócios”, informa a gerente Reijane Almeida.
Ela destaca que o Sebrae tem colocado à disposição dos microempreendedores individuais uma série de conteúdos para qualificar o setor e melhorar a qualidade dos produtos que entram no mercado formal. Conforme a gerente substituta, o órgão tem como peça fundamental a criação do Projeto SEI, que corresponde a um conjunto de oficinas, como é o caso do SEI Comprar, que envolve o processo de compras para assegurar os melhores resultados no negócio através de um planejamento estratégico.

Projetos SEI - Existem também outros projetos como SEI Vender, que possibilita conhecer os componentes de marketing (produto, ponto, preço, promoção e cliente); SEI Controlar meu Dinheiro, para utilização do controle de caixa no dia a dia empresarial; SEI Empreendedor, que busca incentivar a prática de atitudes empreendedoras por meio da descoberta e aplicação do potencial do empreendedor para o fortalecimento do negócio; e o SEI Planejar, que trata da conscientização de que o planejamento de ações, de forma ordenada e articulada contribui para o aumento das vendas dos produtos e serviços com qualidade e preços atrativos.
A onda crescente do microempreendedorismo no Maranhão também tem sofrido as mudanças no ambiente legal, com o surgimento da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e do Supersimples. A aplicabilidade da legislação reduz em média 40% da carga tributária dos pequenos negócios e fomenta a criação do microempreendedor individual, que permite a formalização de negócios que faturam até R$ 60 mil por ano, além de contribuir para a elevação do setor no Brasil.
Atualmente, no país já há 4 milhões de microempreendedores individuais. Desse total, segundo dados da Serasa Experian, o Maranhão responde por mais de 80 mil microempreendedores individuais (levantamento de outubro/2014), sendo São Luís e Imperatriz as cidades de maior número de pessoa jurídica.

De uma brincadeira para negócio personalizado


O microempreendedor Airton Paiva é o que se pode chamar de um homem de visão e de negócio. Há um pouco mais de 1 ano e meio, ele deixou a sala de aula, onde exercia a profissão de professor, para entrar de cabeça no ramo das tortas e bolos personalizados.
Segundo ele, tudo começou com uma brincadeira entre amigos, em sua residência. “Sempre que os amigos chegavam em minha casa, eu os recebia com um pudim de leite e todo mundo gostava. Depois de um certo tempo, resolvi oferecer um bolo, cuja receita fiz algumas adaptações. Logo depois, comecei a vender o produto informalmente para os próprios amigos até que chegaram as encomendas. Nessa época, eu ainda continuava dando aulas, pois tenho formação pedagógica”, disse.
Airton lembra que foi ganhando fama e num determinado momento foi lançada uma aposta nas redes sociais entre amigos. “Apostaram que eu não conseguiria fazer e vender 15 tortas em um único mês. Não só consegui, como fiz e vendi 25 tortas em apenas 15 dias. Com a aposta cumprida, ganhei uma batedeira como prêmio”, ressaltou.
A partir daí, Airton procurou ampliar os negócios, tendo lançado a logomarca “Bem Tortas”. “Fui então ao Sebrae, onde me deram todas as informações necessárias para abrir uma pequena empresa. Pelo próprio site do Sebrae, consegui tirar o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica ( CNPJ) da empresa e passei a receber encomendas de muitas empresas. Hoje, consigo fornecer notas fiscais e o negócio cresceu tanto, que fui obrigado a largar a sala de aula. Sem dúvida uma situação mais rentável”, acrescentou.
Ele destacou que a pequena empresa ainda funciona em casa, mas num ritmo alucinante. “Por conta disso, estou procurando alugar um prédio comercial para instalar o negócio. Estou à procura nesse momento de um ponto comercial, pois compro tudo agora em grandes quantidades e recebo de fornecedores”, frisou.

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