França e Rússia propõem parcerias para lançamento de foguetes em Alcântara
O Brasil rompeu no mês passado um acordo com a Ucrânia, mas negou que tenha havido pressão russa para a quebra do contrato
MARANHÃO
04/08/2015 - 09h45
Correio Braziliense
Moscou quer criar um complexo de
lançamento de foguetes para substituir o acordo que existia entre
Brasília e Kiev desde 2004. Fontes do alto escalão da diplomacia russa
revelaram ao jornal "O Estado de S. Paulo" que a proposta é de que seja
instalado no Brasil o lança-foguetes Angara.
Elaborado no Centro Khrunichev de
Pesquisas Espaciais, o Angara é considerado parte fundamental do projeto
espacial russo para a próxima década e foi construído para competir com
o francês Ariane. O primeiro lançamento tripulado estaria previsto para
o ano de 2021 da Base de Vostochny.
Para isso, os modelos Angara, nome
tirado de um rio no leste da Sibéria, vão passar por uma ampla
modificação, em uma renovação que custaria US$ 160 milhões. O objetivo
russo é também o de fechar um acordo com o Brasil justamente para ter
uma de suas bases em uma região perto da Linha do Equador. Isso
reduziria de forma substancial os custos de lançamento para colocar
satélites em órbita.
Airbus
Com o apoio do governo francês, a
Airbus também quer construir lançadores de satélites em Alcântara. O
projeto prevê um programa franco-brasileiro de pequeno porte, com fins
não apenas militares, mas também comerciais. A ideia da joint venture
fora apresentada às autoridades brasileiras em 2009, mas até aqui o
governo não demonstrava interesse. Em visita a Paris, em maio, o
ministro da Defesa, Jaques Wagner, prometeu analisar a proposta.
Wagner teve reuniões com executivos do
governo e de empresas de defesa como a Airbus, a Thales e a DNCS. No
encontro com executivos da Airbus, o projeto de parceria na exploração
de Alcântara foi então reapresentado e dessa vez foi bem visto pelo
ministro da Defesa. A França já tem um foguete bem-sucedido, a série
Ariane - hoje em versão 5 -, e uma base de lançamentos de satélites
geoestacionários de grande porte, situada em Kourou, na Guiana Francesa.
Esse centro de lançamento seria, em
tese, concorrente de Alcântara, mas a proposta da Airbus é de segmentar
as duas bases. Kourou seria voltada aos satélites de grande porte, de
entre 6 e 9,5 toneladas e com órbita a 36 mil km de altitude, e
Alcântara aos de pequeno, para equipamentos de até 600 quilos e órbitas
de 700 km de altitude.
Pela proposta, mais uma vez o governo
brasileiro entraria com a estrutura, a Base de Alcântara, mas agora a
tecnologia também seria desenvolvida no Brasil, pela Airbus em parceria
com uma ou mais empresas brasileiras. Na reunião, foi aventado o nome da
Embraer.
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